30/07/2016

Como anda a situação do Windows 10 Mobile?

Ontem, dia 29 de Julho, o Windows 10 para desktops comemorou o seu primeiro ano desde o lançamento, porém a versão Mobile desse mesmo sistema só chegou em Novembro com os smartphones Lumia 950 e 950 XL, sendo liberado o upgrade para os antigos aparelhos com Windows Phone 8.1 apenas em Março de 2016.

Eu comprei o meu Lumia 640 no final de Outubro de 2015, então hoje faz 9 meses que utilizo a plataforma Mobile da Microsoft. Aproveitando o hype do momento e a expectativa de muitos usuários para o upgrade de aniversario, que chegara daqui alguns dias, eu resolvi criar um pequeno artigo contanto um pouco da minha experiência pessoal na plataforma e o que me levou a escolhê-la, até o meu breve arrependimento de ter apostado cedo demais em um sistema que apenas prometia ser o divisor de águas nesse mercado de smartphones.


Julho de 2015 foi o mês que eu comecei a avaliar as opções de smartphones no mercado, já que meu antigo aparelho com Symbian e o outro com Android ICS já apresentavam sinais de cansaço. Eu já simpatizava com a plataforma Mobile da Microsoft desde o Windows Phone 7, mas embora eu tivesse essa curiosidade em saber como era a terceira concorrente Mobile do mercado, o interesse real em adquiri-la só veio após o anúncio e as primeiras versões Insider do Windows 10 Mobile. Desde então as evoluções pareciam ocorrer a passos largos a cada Preview liberada, com noticias quase todos os dias revelando novos detalhes sobre novas funções e melhorias em vários recursos nativos do sistema, houve até o anúncio de que, através de um projeto denominado Astoria, seria possível portar aplicativos direto do Android. O recurso UWP (Plataforma Universal do Windows) era outra função muito interessante, pois a proposta era levar as aplicações mobile para qualquer PC com o Windows 10 e vice-versa. E isso porque eu nem citei o modo Continuum, uma função para aparelhos mais topo de linha que transforma o smartphone em um pequeno desktop.


Era muito bom acompanhar os feeds e ler tantas notícias boas, os usuários da plataforma espalhavam elogios aos sete ventos, não havia dúvidas de que o Windows 10 Mobile seria o futuro não só da Microsoft, mas um exemplo para toda a indústria. Foi então que eu decidi que meu próximo smartphone deveria ser um Lumia com Windows Phone 8.1, já que a atualização para o novo sistema viria em poucos meses, segundo rumores.

Escolher o aparelho ideal para mim não foi tão fácil o quanto eu esperava, principalmente porque o orçamento estava apertado e eu não podia exceder o valor de R$ 500,00. Levando em consideração que não haviam muitas opções de Windows Phone nas lojas eu resolvi que a escolha certa era optar pelos novos aparelhos da Microsoft, desde que estivesse dentro do meu orçamento é claro. Houve muitas dúvidas de minha parte entre os modelos Lumia 630, 730 e 640. Mesmo o Lumia 630 sendo muito inferior comparado aos outros dois modelos, seu valor era um grande chamariz, lembro inclusive de achá-lo em várias lojas online por valores a partir de R$ 299,00, um bom preço para um aparelho com tela HD, CPU Quad-Core, câmera de 5 megapixels de excelente qualidade (embora sem flash) e com capacidade para filmar em Full HD. Já o Lumia 730 possuía duas grandes vantagens sobre os demais concorrentes, pelo mesmo valor ele oferecia uma tela OLED e uma câmera de 6.7 megapixels com lentes Carl Zeiss, além de uma câmera dedicada a selfies de 5 megapixels. O Lumia 730 por meros R$ 499,00 parecia a compra certa, porém a politica de atualizações da Microsoft que garante apenas 18 meses de update a partir da data de lançamento do aparelho me fez questionar se essa seria uma sabia escolha, mas o medo de ficar sem futuros updates igual ocorreu com o Windows Phone 7 falou mais alto, então mesmo oferecendo menos recursos eu optei por ficar com o Lumia 640, que afinal de contas não deixava nada a desejar comparado a outros aparelhos concorrentes com Android, como o Moto G de segunda geração que custava muito mais e entregava menos no quesito hardware.

Após a aquisição do Lumia 640, e já com ele em mãos obviamente, comecei a explorar o Windows Phone 8.1. Uma das boas impressões logo de início foi a agilidade e a resposta rápida na hora de executar as principais tarefas, sem engasgos e tudo com muita fluidez, conforme eu previa. Havia algumas limitações no sistema apesar da boa performance, por exemplo, não era possível manter mais do que 4 ou 6 aplicações abertas ao mesmo tempo, mas isso já era esperado uma vez que o aparelho possuía apenas 1GB de RAM.

Meu primeiro contato com a plataforma ocorreu de forma natural e tranquila, mas a loja de aplicativos da Microsoft sempre foi o ponto fraco do sistema. Não demorou muito e eu comecei a sentir falta da variedade de apps e jogos que o Google Play oferecia, porém ainda tinha o essencial no Windows Store e inclusive algumas aplicações que eram tão boas quanto as originais da plataforma concorrente, como é o caso dos aplicativos independentes para acessar o YouTube.

Os dias transformaram-se em semanas, e as semanas por sua vez tornaram-se meses. Já estava passando Dezembro e 2016 estava batendo à porta, as centenas de rumores de que o sistema chegaria ao final do ano não se concretizavam, a Microsoft começou a agir de forma estranha e não justificava o motivo de tanta demora para o lançamento do novo sistema, uma vez que dois aparelhos tops de linha já estavam no mercado usando a mesma versão que os Insiders em seus Lumias mais antigos. Não demorou muito e a gigante de Redmond veio a público confirmar o que todos temiam: O lançamento do Windows 10 Mobile havia sido adiado, sem data para o lançamento oficial! O motivo? Segundo a Microsoft o sistema estava recebendo Feedbacks negativos quanto a estabilidade em seus recém-lançados top de linha, Lumia 950 e 950 XL. Por este motivo ela resolveu focar no desenvolvimento de patches para resolver estes problemas e só depois que tudo estivesse “Ok” o update seria liberado.


Como era de se esperar, a comunidade ansiosa para testar o novo sistema caiu em cima da Microsoft e esse foi o início de um período fervoroso de discussões em fóruns e páginas especializadas no Windows. Eu como um bom usuário entusiasta não demorei muito para ingressar no Windows Insider e testar o novo sistema, sem previsão para o lançamento eu senti que não tinha muito a perder. Ledo engano, tinha sim, e foi uma boa decisão usar a versão de testes do sistema, pois o trabalho da Microsoft estava ótimo, fez o Windows Phone 7, 8 e 8.1 parecerem esboços de criança. O novo sistema tinha um visual muito mais maduro, haviam mais opções de personalização para a homescreen, os menus de configurações e muitas outras funções estavam mais bem definidas, várias aplicações nativas foram modificadas, e o melhor… O Windows 10 Mobile continuava ágil e rápido! Enfim eu entendi o porque da comunidade ficar tão agitada com o adiamento da atualização.

No dia 17 de Março de 2016 a Microsoft enfim começou a liberar a atualização para o Windows 10 Mobile. Apenas alguns aparelhos selecionados receberam o novo sistema, sendo os escolhidos, obviamente, os mais recentes Lumias da Microsoft e alguns modelos da Nokia. Infelizmente, junto com a liberação do Windows, veio outra notícia decepcionante para os usuários de aparelhos mais antigos: “Os smartphones com menos de 1GB de RAM e 8GB de memória interna não seriam elegíveis ao update, bem como os tops de linhas com processadores mais antigos!”. Depois dessa noticia a comunidade de usuários dividiu-se e choveram críticas a Microsoft. Porém não houve misericórdia e nem mesmo um update “básico” do sistema foi prometido.

Deste momento em diante a comunidade dividiu-se em três tipos de usuários:

  • O primeiro grupo de usuários é os que estão satisfeitos por receber as atualizações. A decisão da Microsoft não influenciou tanto a opinião desses usuários, mas ainda bate o sentimento de medo em ter seus aparelhos cortados de futuras atualizações.
  • O segundo são os usuários indignados, pois a Microsoft prometeu que não cometeria os mesmos erros do passado (em referência aos milhões de aparelhos com Windows Phone 7 sem atualização). Além disso, muitos usuários investiram em aparelhos de baixo custo, como o Lumia 530 e 630, apenas porque estavam confiantes de que receberiam a atualização quando chegasse a hora.
  • A terceira parcela dos usuários é a que ficou presa ao sistema, pois são usuários que não só investiram muito tempo na plataforma fazendo parte do Windows Insider, como também não possuem condições de trocarem seus aparelhos por outros melhores, pois a Microsoft abandonou e retirou suas bases de vários países, inclusive o Brasil que era a terceira maior base de usuários do sistema.

Como podem notar acima, apesar desse breve momento alegre de quando o sistema finalmente foi lançado, as más notícias afetaram até mesmo os usuários que estavam satisfeitos com os seus aparelhos. Outras notícias desagradáveis não paravam de chegar ao longo desses últimos meses, como a demissão de milhares de funcionários da Nokia, a venda do setor de features phones para a Foxconn e o fim da fabricação própria de smartphones para o consumidor final… E o tiro de misericórdia foi a declaração, através de um porta-voz da empresa, que o foco da Microsoft não estaria mais no Windows 10 Mobile e toda a atenção da empresa seria direcionada para o Windows 10 nos desktops e seus serviços em nuvem como o Azure e OneDrive.

Com todas essas más notícias dos últimos quatro meses após o lançamento oficial do Windows 10 Mobile, é preciso admitir que bateu um arrependimento forte por ter adquirido um smartphone da companhia. Mas apesar dessa minha frustração, eu ainda gosto e valorizo muito a minha experiência, com certeza o meu aparelho deve continuar recebendo os updates (principalmente porque eu participo do programa Insider) e melhorando as principais características do sistema. Em resumo, o Windows Mobile continua promissor, novos aparelhos continuam sendo lançados por fabricantes OEM chinesas e todos esses aparelhos possuem excelentes características contando inclusive com suporte ao modo Continuum.

Mesmo que eu decida comprar outro aparelho com Android ainda esse ano, eu pretendo continuar com o meu “Windows Phone” no modo Insider e acompanhar o desenvolvimento do sistema, para assim, quem sabe um dia, voltar para a plataforma novamente quando a Microsoft decidir o rumo certo para o sistema.


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